Festa no Céu - The Book of Life

  Olá,

   Eu precisei escrever sobre este filme no blog porque fazia muito tempo que não via uma ideologia tão boa sendo passada em uma animação, que ainda por cima, tem um visual tão lindo e um ar descontraído e divertido.

   Eles saem do básico: valor da amizade, da família, seguir os seus sonhos... - e incluem valores de igualdade entre as pessoas, revisão dos valores tradicionalistas ( e do sr Machismo) e revisão dos nossos valores para com os.....animais! c:


  Tentarei falar por cima, mas preciso avisar que terá spoilers!


     A história acontece em uma cidade no México e gira em torno das crenças sobre vida e morte desse povo. Para eles, existem dois mundos na pós morte: o Mundo os Lembrados e o Mundo dos Esquecidos.

  O Mundo dos Lembrados é festivo e alegre ( uma eterna Festa no Céu ;] ), todos de lá são lembrados por pelo menos algum indivíduo ainda vivo que enfeita e colore seus túmulos  no Dia dos Mortos. Este mundo é regido por Catrina, mais conhecida como La Muerte, feita de flores, velas e tudo o que há de belo no mundo, que os trata com muita atenção e carinho.
 
  O Mundo dos Esquecidos é triste e deprimente, é aonde as almas caem quando não existe mais nenhum encarnado para se lembrar delas. É regido por Xibalba, feito de pixe  tudo o que há de grotesco no mundo - ele é maldoso e aspira por dominar o Mundo dos Lembrados.

       

A diva, La Muerte  e Xibalba

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Um dia Xibalba fez uma aposta com Catrina - aonde cada um selecionaria um dos garotos de um triângulo amoroso infantil e apostaria nele para conquistar o coração da menina. Se o garoto respectivo à Xibalba conquistasse, este dominaria o Mundo dos Lembrados e se o respectivo à Catrina conseguisse, Xibalba pararia de atormentar os vivos.

As crianças são Joaquim, Maria e Manolo, melhores amigos que se aventuravam juntos.

Xibalba escolhe o aspirante à guerreiro Joaquim e La Muerte escolhe o músico de coração doce Manolo.


Maria era rebelde, independente, não aceitava ordens e, durante as brincadeiras, ao ver um porquinho preso em um chiqueiro enquanto um açougueiro afiava a faca pra matá-lo, conscientiza-se de que os animais não merecem isso, de que eles precisam de liberdade e clama independência por eles!

Chuy, o porquinho amigo de Maria

Após fazer uma grande bagunça na cidade com a libertação dos porcos, o pai de Maria, que era o prefeito da cidade, decide mandá-la para estudar na Espanha junto com freiras. E não se preocupe, esse pai vai encher muito mais o saco ao longo desse filme.
O perfeito estigma do pai que quer decidir as coisas pela filha e passa por cima da felicidade dela em prol dos seus interesses e de manter a cidade protegida.

É quando  Manolo e Joaquim se despedem de Maria no trem, que o primeiro entrega à Maria um "presente", o porquinho Chuy que ela libertou. ( Eles não são veganos, não tem total conscientização de não tratar os animais como coisas, mas mostram uma abertura natural á entender isso ao longo do filme)

 Os anos se passam, Joaquim é treinado pelo prefeito para ser o maior protetor da cidade, infla-lhe o ego e ensina seus valores. Manolo aspirava por ser músico e adorava cantar na cidade, mas seu pai o obriga a tornar-se toureiro pelo orgulho da família Sanchez, então ele passa todos esses anos lutando por liberdade para tocar violão enquanto tinha aulas de como domar o touro.

 O orgulho da família, o estigma de poder e tradicionalismo por cima da exploração animal tenta sempre empurrar Manolo para algo que ele não quer.

  No dia em que Maria retorna, era a primeira tourada de Manolo. Ele a corteja de longe, escreve seu nome na areia, tenta de tudo enquanto enrola o touro. Então chega a hora de matá-lo. Seu pai entrega as espadas e ele se posiciona. É visível que Maria reprova piamente o abate do animal.
  Manolo desiste de matar o touro e grita ao povo:

   " MATAR O TOURO É ERRADO!"

 Ele é vaiado, xingado, jogam coisas nele para depreciá-lo por ele não ter sido "forte" ou "corajoso" o suficiente para matar o animal que nem deveria estar ali.  Maria sorri e retira-se com o pai.

  Nessa mesma noite, sentados na ceia, Maria, seu pai e o exército da cidade, incluindo Joaquim, Maria sofre mais pressão do insuportável progenitor a casar-se com o guerreiro amigo de infância. Então ela diz algo ao tal amigo guerreiro:

"Você gostaria de uma mulher como eu para lavar, passar e cuidar de toda a casa para você?'

"Eu adoraria" - responde Joaquim com os olhos brilhando

"EWWWW! Então é só pra isso que você acha que uma mulher serve?!" - responde ela

 A trama vai rolando, e, depois de vários acontecimentos, Xibalba engana Manolo e o mata fazendo-o acreditar que Maria havia morrido e que a encontraria lá.

o fantástico Mundo dos Lembrados

  Ele encontra-se com sues antepassados toureiros e sua mãe. Sente-se pressionado pelos parentes em afirmar para a mãe que virou toureiro como fato de orgulho e essa demonstra sua indignação: "Achei que tivesse aprendido algo com a história da nossa família..."

 Percebe-se fortemente no filme que existe um estigma de poder ( que é  o que todx machista busca para se auto afirmar) em matar touros, que é exatamente o que se passa nos países que possuem esse tipo de "lazer". Essa consciência de que matar o touro é errado, vem dos olhares sensíveis de quem não sofre essa pressão para ser "poderosx" como Maria, La Muerte e a mãe de Manolo. Manolo também enxerga isso, mas vive bambeando pelos apelos do pai em manter "o nome da família Sanchez".

  Ao perceber que foi enganado, ele luta bravamente para reconquistar a vida e ir atrás de Maria e, no desafio final, imposto por Xibalba, ele deveria matar todos os touros que seus antepassados mataram de uma vez.


  Na arena, são milhares de touros correndo e Manolo se esquivando. Enquanto isso, a cidade deles é atacada por um grupo de ladrões e o pai do rapaz morre, indo parar na arena junto com todos os outros parentes.

 Subitamente todos os touros se juntam em um touro raivoso gigante em chamas. É quando Manolo decide seguir seu coração e pega seu violão.

  "Toque sempre com o coração. Maria" Era o que estava escrito pelo seu amor no tal instrumento.

  Ele canta uma canção com toda sua alma pedindo desculpas ao touro por todo o sofrimento que o fizeram passar e que se ele enxergasse o amor, tudo iria melhorar.

  O touro vai perdendo a ira e, ao perdoar, desfaz-se em milhares de pétalas de flores. 
 É assim que ele prova à sua família, que o poder do coração e da integridade moral valem muito mais do que uma força bruta dispendida de forma irracional.

   Manolo volta a vida para ajudar a proteger a cidade. Joaquim pára de tentar bancar o superior e ambos param de tratar Maria como frágil ( ela tinha aprendido esgrima e kung fu no exterior). Não apenas isso, Chuy, que havia crescido com Maria, ajuda-os na luta chamando todos os porcos da região para colarborar! 
    E eles finalmente derrotam o inimigo quando se enxergam todos como iguais ( ideal feminista) incluindo os animais (ideal vegan)  ensinando uma grande lição de união à todos da cidade e à Xibalba. 

(Me expressei assim, pois nem toda feminista inclui os animais em seus ideais)

    Enfim, a cena do touro é maravilhosa e, com certeza, vai educar muita gente. É um filme que quebra vários paradigmas ( eu não contei todos os detalhes), não tem como não ficar feliz assistindo e é para toda a família. Fico muito feliz de ver um filme assim em um cinema comum, espero que o público não deixe esses ensinamentos apenas no subconsciente.

 Este foi para a minha lista de favoritos! :} 


 CORRAM PARA OS CINEMAS!!! :D